Um copo largo, raso e serigrafado de amarelo com florezinhas azuis oferecido e sorridente. Dentro, um líquido dourado e duas pedras de gelo. Fora, um senhor polido, de postura rígida e com um sorriso caridoso no rosto. Foi assim a primeira vez que provei daquela bebida perfumada, com um gosto de "coisa-que-nunca-vou-gostar", e lembro que no primeiro gole senti um mal estar que não melhorou nada, nem com a infeliz tentativa de enfiar goela abaixo, sem esquecer de esfregar bem na língua para limpar as papilas gustativas, um pedaço de Pumpernickel puro.
O senhor era meu avó e a bebida era whisky. Todos os dias, meia hora antes da refeição, Pumpo preparava seu Schnaps e bebia, acompanhando minha avó em seus últimos preparativos para a singela refeição que se aproximava. Singela porque nunca a refeição na casa dos meus avós foi uma cerimônia, ou um momento especial. Era simplesmente assim, meu avô no aperitivo, minha avó no fogão, os pratos dispostos sobre a mesa e os dois naquele diálogo Mags du? Mags du? E eu repetindo com um risinho de quem acha que está falando algo inteligente "maxtuuu, maxtuuu".
Recentemente, fucei o armário atrás de um copo digno para beber e oferecer uma dose de whisky à minha visita. Encontrei lá no fundo o copo amarelo. Senti saudades do meu avô e dos seus olhos verdes carinhosos.
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2 comentários:
Rá. Grande Lo, de volta à ativa e em grande estilo.
Dos que recordo, este está fácil entre os melhores posts do blog.
De que servem os cursos de criatividade perto de nossas memórias mais íntimas..?
Beijos
Larguei o curso, beibe, e voltei.
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