10.10.2010

De sonhos e de sono

Pois bem, doutor...

Penso que morcegos não sejam animais propriamente fofos, mas compreenda que tudo o que é desenhado pode ser exagerado num sentido positivo. Assim meninas se dividem em porquinho-lovers, raposinha-lovers, sapinho-lovers, que foi o meu caso, e por aí vai. Acho mesmo difícil qualquer mulher que regule com a minha idade não ter tido um estilo de bicho ou personagem predileto, como o diabo da Hello Kitty e afins. Isso tudo é pra dizer que eu não sou uma morceguinho-lover, mas tenho muita saudade de uns morceguinhos que voavam num céu cinza de um pijama que teve que ser deixado para trás em certa etapa da minha vida (terei eu saudade dos morcegos ou da etapa?).

Isso tudo, mais uma vez, para falar de sonhos. Uma noite fui à Califórnia e visitei o Salk Institute. Eu queria ir ver aquele plano cortado por uma fonte, e tentava convencer minha companhia de que seria um momento incrível, um daqueles momentos quase religiosos que temos diante de algumas obras de arte. Não que ela não se dispusesse a ir comigo, mas eu olhava para a frente e para o alto e tudo o que via eram as linhas horizontais e verticais tingidas de concreto, convergindo para um céu azul e libertador.

E veja bem, doutor, eu penso cada vez mais que preciso ir à Califórnia, mas me perturba deveras o fato de eu não conseguir parar de sonhar com o pijama de morcegos (estarei eu realmente me referindo ao pijama de morcegos ou a quem o possui neste momento?).

E quando noto que confundo a ação, pois não estou certa de que sonho com a Califórnia e penso no pijama ou se sonho com o pijama (ou com ele) e penso em visitar a Califórnia, percebo que talvez o senhor esteja certo e sonhos e realidade desperta se confundam e tudo isso forme aquilo de que sou composta.

Porque nós somos a massa e os espaços entre a massa, certo?





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