9.04.2009

Teorias da conspiração versus só o amor salva

Conversei com um amigo um tanto quanto xiita com relação à ideia de que existam um bem e um mal claramente definidos, e que o mal estaria organizado e distribuído estrategicamente ao redor do globo, coordenando os serviços dos principais governantes, atuando sobre decisões econômicas, influenciando decisões de guerras e alianças, enviando mensagens subliminares através da televisão, etc, etc, Pink & Cérebro, etc.

Ele acha que estamos imersos num mar de maldade e como não quer ser dominado sem resistência, pretende se filiar a um partido libertário, que atualmente apenas aguarda algumas centenas de milhares de assinaturas para se oficializar.

Acha também que o papel da mulher na sociedade atual se perdeu, que um dia tivemos status, mas desde que nos emancipamos, tornamo-nos meras geradoras de receita através de nossos impostos de renda, que antigamente era vinculado ao do marido através da instituição família. Seríamos uma criação do Banco Central, e como consequência última disto, pirigueteamos na night sem obtermos o mínimo de respeito por parte dos XY.

Tudo isso parece até bastante coerente quando ele fala. E confesso que me deixo seduzir em parte por tantas ideias que justificam a esquizofrenia em que enxergo viver. Mas admito também que, por diversão, passei a noite contradizendo-o, defendendo a aleatoriedade da vida e da descrença nessa organização do mal, baseando-me na dificuldade de organizarmos a nossa própria escrivaninha, a partir do que, seria difícil acreditar que qualquer instituição seria organizada o suficiente para perdurar tanto tempo, ser efetiva e não acabar em pizza...

Mas aí, emendei num raciocínio que quem me conhece bem sabe que já faz parte do meu ser: só o amor salva e all we need is love. Claro que não significa que vamos nos amar por aí e alienarmo-nos de tudo. Mas eu realmente acho, polyanisticamente falando, que atingiremos um grau tal de desenvolvimento tecnológico, econômico, cultural, filosófico, enfim, desenvolveremos de tal modo a infraestrutura humana, que ficaremos capengas exatamente naquele ponto do qual partimos quando nos diferenciamos dos animais: a capacidade de sentir e de realizar afeto.

Ou seja, quando nos virmos cheios de opções em termos contingenciais, veremo-nos também esvaziados de conteúdo para aproveitar devidamente estas opções. Aí é que entra Pollyana: eu realmente acredito que as melhores pessoas vão perceber isso. E vão perceber que não adianta sair por aí vivendo tudo, sugando tudo, adquirindo mil gadgets e para descartá-los em seguida sem ter utilizado 10% de suas funções, inventando novas modas e paixões que preencham um vazio existencial, beijando o mundo inteiro, panssexualmente, e nunca achando que se atingiu o topo...

Então, se isso é ser Pollyana, eu devo ser. E espero o melhor dos outros. E quando não o obtenho, fico triste, mas nunca o imponho como sugeriu meu amigo ("quando vc gostar de alguém, nunca espere, imponha o seu respeito"). Mas a clarividência vem acompanhada de paciência e tolerância, por isso sigo esperando e acreditando que as pessoas serão sempre melhores. Eu, que já não quero mais ser um vencedor, levo a vida devagar, prá não faltar amor.


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3 comentários:

Sinceras e Apimentadas disse...

Mas nada que é feito com extremo é bom... negócio é mesmo ir curtindo a vida.

Gostei do blog.
Se puder, dá uma passadinha para conhecer nosso blog, e se gostar, sinta-se a vontade!http://sinceraseapimentadas.blogspot.com/

Beijinhos
Nane

Maria Mar disse...

sua teoria final é como se fosse de um espelho de Kant, como um Kant ao contrário. =)

Lo disse...

Eu tinha que ler mais dessa gente (essa gente, háhá) para não citá-los "ao contrário" impunemente...!