Sentada na maca, fazendo um exame qualquer desimportante (qualquer exame era pouco importante antes de março de 2019), o médico se pergunta de onde vem o odor de chulé. Eu olho pro meu tênis marrom, que venho usando sem meia e falo que ultimamente, tenho tido chulé. O sonho acaba e começa a memória. Sentada na maca do consultório médico da escola, lá pelos meus 14, 15 anos. Faço resistência para tirar o Nauru, aquele sapato horrendo da moda de então, por preguiça de permanecer mais a longo no consultório. Era só um machucadinho bobo e o quanto antes eu saísse dali, melhor. A médica disse para não me preocupar com o chulé, e eu respondi que não me preocupava, pois não tinha chulé. Ela fez um sermão que todos temos chulé, que é humano, não precisamos nos preocupar. Até que esse tênis marrom dá chulé.
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